Dança do Ventre - O que é o Ventre? Completo

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Ao longo da história observo uma necessidade feminina em simular o ventre de alguma forma, seja dentro de espartilhos, escondê-lo entre roupas mais largas ou mesmo  pela cirurgia plástica.
Na Dança do Ventre existe a oportunidade de nos voltarmos para essa região, as vezes esquecida, às vezes renegada, e pensar sobre ela.
Durante as aulas a professora pode conduzir melhor esse pensar sobre o ventre, auxiliando e concientizando a sua importância vital no corpo humano.

O que é o Ventre? Essa pergunta é feita no livro de Lucy Penna - "Dance e Recrie o mundo, A Força Criativa do Ventre" (editora Summus SP, pg 63)

Para Lucy, e eu sigo a definição dela neste artigo, o ventre é "um conjunto integrado, que compreende três partes: superior, média e inferior. A parte superior, ou epigástrio, situa-se entre o diafragma e os pares de costelas flutuantes. A parte média ou mesogastria, se estende desde as costelas atés as cristas ilíacas. O baixo ventre, ou hipogástrio, abrange toda a bacia."

Seguindo um pensamento popular, o ventre compreende uma espécie de ovo, um invólucro que sustenta os orgãos do aparelho  digestivo, excretor e reprodutor, situado no meio do corpo humano. Se pensarmos na imagem do ovo temos a parte superior, o teto, como diafragma e a parte inferior, o chão, como o Diafragma Pélvico. Entre diafragma e o assoalho pélvico temos uma quantidade de músculos chamados de abdominais.


O Diafragma - Definição
É um músculo que trabalha juntamente com o aparelho respiratório, de comando automático e involuntário e atua em assegurar o bom funcionamento dos sistemas circulatório e digestivo.
 

A Musculatura Abdominal - Definição
A musculatura ventral é representada pelo reto abdominal, oblíquos (externo e interno) e pelo transverso.



 


Reto abdominal
Músculo em fita que que desce do externo ao púbis e que tem a função de dobrar o tórax e levantar a bacia.
 
Oblíquos
São largas lâminas musculares inseridas nas costelas e no osso ilíaco, são responsáveis pela compressão do tórax abaixando as costelas.
 
Transverso
O músculo transverso comprime a cavidade abdominal (importante na contração de defecação, parto, vômito)

O Diafragma Pélvico - Definição
A região inferior da pélvis reúne um conjunto de músculos entrelaçados para a sustentação das vísceras, regulando a abertura e o fechamento dos nossos orifícios (vagina, anus, uretra), ligando a bacia até as coxas





A oposição entre a região ventral e dorsal provocada pelos exercícios de ondulação (na segunda etapa do artigo) nos faz sentir o volume daquilo que chamamos ventre, uma espécie de Mandala tridimensional que guarda orgãos e glândulas extremamente importantes e vitais.
 

Região Abdominal
fíado
estomago
(glandula)pancreas
vesículo biliar
intestino delgado
intestino grosso
bexiga

 
 
 
 

 
 
Região Pélvica
rins
supra-renais
uréteres
ovário
útero
ou
próstata
vesícula seminal
 

 
 










É importante, durante as aulas, fazer uma pausa para se estudar como o ventre funciona por dentro, senti-lo, massageá-lo. Estamos em uma época em que podemos desfrutar de inúmeras correntes de pensamento e adaptar o que cada uma das medicinas pode nos trazer de melhor. Para isso acho importante a professora estudar fisiologia, anatomia, mas também adquirir informações da medicina chinesa e das tradições populares do deserto, como os antigos egípcios definiam o ventre, por exemplo.

)O(

Isis Zahara

PENNA, Lucy - Dance e Recrie o Mundo, A forca Criativa do Ventre, Summus,SP.
www.gineco.com

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Dança do ventre - O que é o Ventre? parte 02

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O ventre é como uma Mandala dividida em camadas sobrepostas  que vão desde os orgãos até a pele.
Muitas vezes os alunos reclamam da ausiência de coordenação motora para executar algum movimento, isso se deve pela nossa falta de consciência corporal, como fala o coreografo Ivaldo Bertazzo - não temos o hábito de prestar atenção às nossas modificações musculares mais profundas - (Bertazzo, pag 57).

O ventre não é bidimensional, mas, um volume cujos músculos trabalham contra a gravidade e são responsáveis pelo equilíbrio:

"Quando caminhamos, quando nos desequilibramos, quando nosso corpo ocupa diferentes planos no espaço, dependemos de forças que se originam no tronco (ou seja, a partir de ações musculares do tronco), para nos mantermos de pé." (Bertazzo,pag 61  )

Para entender essa idéia de que o ventre é um volume e que a consciência dessas cadeias que o envolvem facilitam o equilíbrio e a própria execução do gesto, Ivaldo desenvolveu um processo que nos coloca novamente no ventre, remetendo à postura dentro do útero materno.

Seguindo a teoria de Ivaldo, quando o corpo encontra-se no ventre materno, se desenvolve ao longo de uma linha arredondada, uma semi-esfera. Seus espaços limites são o crânio e a bacia.
Mesmo ao nascer, o bebê mantem, durante um tempo, essa postura arredondada.

 
E  é através desta postura arredondada que utilizaremos como primeiro exercício para sentir e entender, o que é o ventre. (Adaptação a partir da técnica desenvolvida por Ivaldo Bertazzo)

Mandala . 1

primeira etapa
Relaxar costas no chão, não deixe a coluna lombar curvar-se flexionando os joelhos, sem enconstar os calcanhares nas coxas,planta dos pés apontadas para o teto.
Projete os braços para o teto, mantendo cotovelos flexionados, sentindo o peso do ar nas palmas das mãos.

segunda etapa
Respire profundamente conscientizando-se de cada parte do seu corpo.  Observe que nessa posição existe a noção do frente, onde estão direcionados os braços e as pernas, o trás corresponde a um endireitamento da própria coluna, um conforto e não um mero: jogar tronco para trás e relaxar ombros. 


 
 
 
 
 
 
terceira etapa
Procure suavemente ondular o ventre, sem o auxílio de joelhos e bacia, somente com os músculos pélvicos e abdominais. Não deixe de respirar.

quarta etapa
Mantenha a postura inicial e respire profundamente mantendo a língua no céu da boca. Sinta a cavidade côncava de sua arcada superior em oposição ao cinturão pélvico. Aproveite a respiração para sentir o tórax como um volume pressionando o chão.

O Ventre situa-se no centro de força do corpo, a conscientizacão tridimensional dele (músculos, ossos e orgãos) em uma relação de harmonia dinâmica com a coluna e demais partes, onde ora há predominância de uma delas, nos auxilia a pensar em um fluxo circular de energia contínua que não se perde nas extremidades.
Como parte de composição do tronco está situado entre duas linhas opostas, conectando as costas e a frente do corpo, também intermedia a nossa noção da parte superior e inferior do corpo.
Através do ventre há a polaridade e o conflito das oposições, as extremidades do corpo. Mas essa oposição não é excludente e sim complementar.
A melhor forma de fortalecer o nosso centro de força é provocar a oposição das extremidades.



 
Bencardini, Patricia - Dança do Ventre, ciência e arte, 2002 editora Texto Novo, SP.
Bertazzo, Ivaldo - Espaço e Corpo, guia de reeducação do movimento, 2004, SESC SP.
Freire, Marcos - Automassagem e Medicina Chinesa, 1996, editora Autor, Brasília.
Zahara, Isis - Dança do Ventre, o corpo como território da Deusa - Apostila 2005

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Dança do ventre - O que é o Ventre? parte 01

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Ao longo da história observo uma necessidade feminina em simular o ventre de alguma forma, seja dentro de espartilhos, escondê-lo entre roupas mais largas ou mesmo  pela cirurgia plástica.
Na Dança do Ventre existe a oportunidade de nos voltarmos para essa região, as vezes esquecida, às vezes renegada, e pensar sobre ela.
Durante as aulas a professora pode conduzir melhor esse pensar sobre o ventre, auxiliando e concientizando a sua importância vital no corpo humano.

O que é o Ventre? Essa pergunta é feita no livro de Lucy Penna - "Dance e Recrie o mundo, A Força Criativa do Ventre" (editora Summus SP, pg 63)

Para Lucy, e eu sigo a definição dela neste artigo, o ventre é "um conjunto integrado, que compreende três partes: superior, média e inferior. A parte superior, ou epigástrio, situa-se entre o diafragma e os pares de costelas flutuantes. A parte média ou mesogastria, se estende desde as costelas atés as cristas ilíacas. O baixo ventre, ou hipogástrio, abrange toda a bacia."

Seguindo um pensamento popular, o ventre compreende uma espécie de ovo, um invólucro que sustenta os orgãos do aparelho  digestivo, excretor e reprodutor, situado no meio do corpo humano. Se pensarmos na imagem do ovo temos a parte superior, o teto, como diafragma e a parte inferior, o chão, como o Diafragma Pélvico. Entre diafragma e o assoalho pélvico temos uma quantidade de músculos chamados de abdominais.


O Diafragma - Definição
É um músculo que trabalha juntamente com o aparelho respiratório, de comando automático e involuntário e atua em assegurar o bom funcionamento dos sistemas circulatório e digestivo.
 

A Musculatura Abdominal - Definição
A musculatura ventral é representada pelo reto abdominal, oblíquos (externo e interno) e pelo transverso.



 


Reto abdominal
Músculo em fita que que desce do externo ao púbis e que tem a função de dobrar o tórax e levantar a bacia.
 
Oblíquos
São largas lâminas musculares inseridas nas costelas e no osso ilíaco, são responsáveis pela compressão do tórax abaixando as costelas.
 
Transverso
O músculo transverso comprime a cavidade abdominal ( importante na contração de defecação, parto, vômito)

O Diafragma Pélvico - Definição
A região inferior da pélvis reúne um conjunto de músculos entrelaçados para a sustentação das vísceras, regulando a abertura e o fechamento dos nossos orifícios (vagina, anus, uretra), ligando a bacia até as coxas


 

As imagens pertencem aos seguintes sites:
http://www.jefersonporto.com.br
http://www.educacaofisica.com.br/

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Yoga & Pilates são grandes aliados da Dança do Ventre

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Uma musculatura fraca é fruto de má postura, prejudicando o equilíbrio e a sustentação corporal. Como consequencia, os movimentos não saem bem desenhados e pior, surgem incômodas dores.

Nossa coluna é dividida em  vértebras: temos 7 vértebras cervicais na altura do pescoço, 12 vértebras dorsais na altura do tórax, 5 cinco vértebras lombares e na continução temos a articulação do sacro e coccix. A compressão dos nervos na cervical podem induzir à dores de cabeça, pescoço e costas, como já foi falado em outro artigo.

Segue aqui uma sequência a ser utilizada no início das aulas, simples que pode ser aplicada para todos os níveis:
(pesquise neste mesmo blog artigo sobre como prevenir dores na coluna com exercícios em vídeo)



Contração Pélvica
Para abdomen e glúteos 
Deitada de costas, com os joelhos dobrados, braços relaxados ao longo do corpo. Mantenha as costas encostadas no tatame diminuindo a curvatura lombar. Inspire contraindo abdômen e nádegas, aproveite e contraia também o períneo. Segure contando mentalmente até 4 e relaxe soltando o ar pela boca, devagar.

Joelhos Alternados
Para músculos do quadril
Na mesma posição, contraia o abdômen e traga joelho na direção do tórax, o mais próximo que puder, repspirando profundamente. Segure por 5 segundos, retorne e repita com a outra perna.

Abdominal Parcial
Para os músculos abdominais e dos quadris
Posição idêntica às anteriores, levante a parte superior do tronco, com os braços erguidos a frente, na direção dos joelhos, até que o tronco esteja bem afastado do chão e você sinta a tensão no abdômen e não no pescoço. Retorne devagar e repita 3 sequências de 10.

Extensão da Coluna
Para músculos abdominais e costas
De joelhos, postura conhecida como gato. Deixe a cabeca cair e curve as costas contraindo coccix. Segure por 5 segundos. Em seguida levante a cabeça e curve as costas para cima e mantenha mais 5 segundos. Faça várias vezes até sentir o alongamentos dos músculos extensores.

)O(
Isis Zahara

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Luscious: The Bellydance Workout for Beginners DVD

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Um dos melhores DVDs para Dança do ventre  para iniciantes
com as bailarinas Neon, Sarah e Blanca
Neon descreve com detalhes cada passo!
É importante para professoras estudarem a didática!


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(material já disponível na internet, repassado por motivos didáticos)

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Guedra - dança e zagareet

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Guedra - cantos e palmas

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Guedra - ritual das mulheres Tuaregs

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    Originário das tribos Tuaregs do Maghreeb, o Guedra está presente desde a Mauritânia, Marrocos até a Argélia. 

    Os Tuaregs são pertencentes ao grupo étnico dos Berberes, a palavra Tuareg é utilizada para distingui-los dos demais, pois toda as suas vestimentas são azuis. O povo azul, para quem não sabe, forma os primeiros produtores do pigmento azul utilizado no tingimento do jeans, o azul indigo provém desse povo que não se autodenomina Tuareg, mas  "Kel Tagilmus" o povo do véu (fonte de informação Morocco).

    Como são Bérberes carregam costumes e tradições muito antigos de tempos pré-islâmicos, entre eles, a liberdade feminina principalmente quando se refere à sexualidade, o respeito aos elementos da natureza.
O povo Berbere sofre discriminação pelos árabes do norte da África.

Significado da palavra Guedra
A palavra Guedra significa "pote" devido ao seu único instrumento musical, um tambor feito de barro, pedra ou metal (geralmente uma panela improvisada) coberta por pele de cabra. O tambor Guedra é responsável por conduzir os dançarinos durante o ritual.
Diferente do Zaar egípcio em que acontece uma espécie de exorcismo, o Guedra é executado para abençoar os amigos, as visitas, os casamentos e os recém-nascidos.

Significado da Dança
    A dançarina Morocco, em um artigo, nos explica o  possível significado do Guedra, aliá muito bonito. O tambor ao mesmo tempo pote de cerâmica utilizado na culinária tuareg, representa o corpo humano feito de barro e coberto por pele, o som produzido por ele representa as batidas do coração, fonte indispensável para a vida. Esse significado se repete em outros rituais do Oriente, não é novidade, mas continua sendo poético. Alguns chegam a afirmar que o som do tambor atrai os amigos de longe.

O ritual dançado




    Num artigo de Karol Harding,  versão de 1996 (encontrei ontem no meu acervo) 


por sua vez baseado nas descrições da bailarina Morocco a respeito da vida dos Tuaregs a dança Guedra possui as seguintes características:




O ritmo Guedra

  Executado com apenas um instrumento o ritualo do Guedra depende do canto e das palmas.

A base rítmica  : Duh Dah m Duh Dah/ Dun Dah m Duh Dah.
As palmas são alternadas entre o grupo, uma parte bate 1 e a outra bate 2.


   Normalmente é um ritual noturno, realizado à luz da lua e ao redor do fogo, não impede de atualmente você assistir um show especial para turistas, em plena luz do meio dia (são as condições de dessacralização que a vida contemporânea nos reserva).

  O ritual tem início com uma mulher, coberta por um véu preto (Haik), representando a escuridão do caos. As mãos se direcionam aos pontos cardeais, mimetizando os quatro elementos (fogo, terra, ar e água) e o tempo (passado, presente e futuro). 

   Aos poucos ela vai acompanhando o ritmo com o corpo, mostrando a ordem cósmica necessária para a criação do Universo e suas criaturas. Os gestos das mãos simbolizam, a beleza, o amor entre os elementos, o drama, a tristeza.

Significado básico das mãos:

mãos ao alto - paraíso
mãos para baixo - terra
ondulações do pulso para baixo - águas
quando para trás - passado
nas laterais - presente
para frente - o futuro



O grupo acelera as batidas do tambor e das palmas motivando a dançarina a cair no transe, quando isso acontece ela cai ao chão e outra dá início a dança.A queda corresponde a um transe e não a uma coreografia programada, assim como no Zaar e aqui segue um comentário crítico, é muito estranho assistir a performances em que as bailarinas não tiveram uma contextualização e caem porque devem cair. Para o professor que irá transmitir a interpretação do ritual do Zaar é importante repassar a queda como um desfalecimento que antecede a incorporação.


O Traje
  A túnica azul é feita à maneira romana, dois tecidos presos nos ombros por fivelas, pode-se dançar com um longo kaftan e nunca utilizar a vestimenta de Dança do Ventre estilo Cabaret, pois, as músicas são religiosas e com temas muçulmanos.

   Os cabelos são trançados com búzios e enfeites comuns às mulheres Tuaregs, enquanto que os adornos de metal fundido, são bem rústicos e misturam pedras, âmbar e corais. As mulheres Tuaregs tatuam as mãos com henna, pintam os olhos com Kohl e decoram o rosto com tinta vermelha e amarela.

)O(
Isis Zahara

Informações:
Jasmin Jahal
Ibrahin Farrah
Karol Harding

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Khaleegy do Kuwait

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A Al Nashar'ar , estilo iraquiano

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Khaleegy ou Al Nashar'ar - Dança das mulheres do Golfo

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As danças do Golfo inquietam todos que a pesquisam. Presente na Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain, Qatar e Oman, a Al Nashar'ar possivelmente traz elementos pré-islâmicos em sua estrutura cênica.
Como repassá-las em sala de aula? Acredito que a melhor forma é sempre contextualizar.

Conhecida também por Khaleegy, a Al Nashar'ar é um estilo tradicionalmente feminino cujo os movimentos de maior destaque visual são as combinações de pescoço-cabeça-cabelo, ombros e específicos gestos de mãos. A palavra Al Nashar'ar refere-se ao balanço dos cabelos e Khaleegy quer dizer do Golfo.
O ritmo de base é o soudi (e compreende uma infinidade de ritmos menores), a vestimenta, o kaftan corresponde a uma túnica de mangas avantajadas, muitas vezes transparente (para ressaltar os trajes de baixo que são em geral vestidos de festa)  aberta nas laterais ou com um tecido extra para facilitar a movimentação dos braços.

Origens Históricas 
A península da Arábia tem como herança um misterioso passado, coberto pelas areias do Islã. Num passado remoto, mais ou menos 5000 a.C, as tribos beduínas adoravam quatro deuses principais, Al-Ilah, conhecido como deus da chuva e suas filhas, Al-Lat, deusa da primavera, Al-Uza, deusa do Olho e Al-Manat, deusa do destino.
Al-Lat era uma espécie de Afrodite, deusa do amor, da sexualidade e da guerra, sendo cultuada dentro de cavernas e nascentes de água fazendo aqui uma alusão entre o significado da água com a fertilidade da terra . A cabeleira negra de Al-Lat era comparada a uma queda de água corrente e em sua homenagem as mulheres lançavam os cabelos ao vento tendo os pés na escassa água dos Oásis.
Além da exibição dos cabelos,  homenageava-se a deusa o ato de oferecer mel , isso se repete ainda hoje nos casamentos árabes, a noiva oferece mel ou doce ao noivo como prova de seu amor.
Também elementos aquáticos, muito raros no deserto, mas presentes na costa do Golfo figuravam a deusa e eram representados na dança, como peixe, os golfinhos, conchas e pérolas.
Para surpresa nossa o cavalo e o camelo também são símbolos da água, o primeiro porque não possui sal no organismo e portanto, o suor é possível de saciar a sede dos viajantes e o segundo é portador de bolsas de água dentro de seu organismo. Ao assistir uma performance de Khalleegy observem como as combinações de pescoço-cabeça-cabelo remetem à figura dos cavalos.
A dança de Al-lat acontecia no equinócio de primavera e concentrava um grande número de caravanas consistindo em uma grande feira com música, dança e negociações.
Nas regiões costeiras do Golfo Pérsico as famílias pescadoras nos trazem outras lendas, a de que as mulheres imitavam o lançar das redes no mar e faziam isso com os cabelos e com a vestimenta, também faz sentido, o elemento água-fertilidade permanece, pois são danças presentes nas festas de puberdade, casamento, nascimento, batizado.
Neste período as mulheres sacerdotisas trabalham em uma função também determinada como kahin, aquelas que interpretam a voz dos deuses, seja na música pela  poesia cantada ou no gesto e por isso ainda hoje a dança Khaleegy é cheia de significados nos movimentos das mãos.

Principais movimentos
Basicamente os passos do Khaleegy é relativamente simples. Os pés alternam em planta e metatarso dando a impressão sutil de que as bailarinas mancam.

passo básico dos pés: transferência de peso direita-esquerda-direita planta-metatarso-planta.

oito de quadril : suave oito lateral com ênfase para trás.

shimmy de ombro: vibração delicada dos ombros

pescoço-cabeça: a cabeça desliza sobre o pescoço, o movimento nasce na nuca.

pescoço-cabeça-cabelo: Jogar os cabelos de um lado ao outro, jogá-los à frente e para trás, desenhar oitos e círculos no espaço.

braços e mãos: Diversas são as posturas, os braços podem apoiar-se um no outro pelo cotovelo para circulação de pulso, ondular e tremular as mãos.Segue abaixo alguns significados dos gestos:

tremular as mãos de alto a baixo: representa a chuva ,  fio de água caindo, pandeiro.
pontas dos dedos no queixo Al Assal: representa o mel, dar mel, ser doce como o mel, doçura.
palmas no alto: no passado a lua crescente, pedido súplica aos céus, aos deuses, atualmente à Allah.
Bater os pulsos: representa as pulseiras e conferem à significados mágicos do passado.
dedos na testa: representam a felicidade.



Dançar com o Kaftan: Geralmente utiliza-se a parte da frente da túnica para desenhar oitos e círculos no espaço, o primeiro lembra as ondas do mar o o segundo dá a impressão de uma cavalgada. A manga é utilizada para cobrir a cabeça como uma beduína.

A estrutura: Como faz parte das festas, a dança é improvisada. As mulheres se reúnem e seguem uma líder, geralmente a mais velha é quem dita os movimentos, um resquício das antigas hakins? Pode ser. A configuração do grupo se faz em círculos ou em retas e pode terminar em uma grande roda com solistas no centro, ajoelhadas com uma das mãos no peito e os cabelos agitando-se em grande velocidade.

maiores informações encontre no site de Kay Hardy:

)O(
Isis Zahara





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Bedouin Tribal Bellydance with Hossam Ramzy & Gypsies of the Nile DVD

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Eu amei este DVD, Serena está maravilhosa e faz uma bonita pesquisa juntamente com os ciganos do Nilo. Pode-se ver uma versão do Hagallah  criada por ela que difere da clássica de Mahmoud Reda.


Compre: Amazon.

(material também está disponível na internet, dê uma olhadinha antes de comprar)

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Mahmoud Reda - adaptação do folclore para o Teatro

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No Ocidente, propriamente nos Estados Unidos, a Dança do Ventre tornou-se um fenômeno que vêm atraindo mulheres de todo o mundo.
A estrutura técnica é acentuada a partir do conceito do espetáculo, ou seja, a metodologia desenvolvida está voltada para à apresentação e tão bem feita que o processo pode ser invertido, bailarinas árabes compartilham aulas com as americanas e os repertórios se mesclam.
Além da utilização de véus como companheiros indispensáveis na cena, podemos dizer que o véu é o "melhor amigo da bailarina", o Ocidente  criou, adaptou e resgatou estilos perdidos de danças femininas de diversos lugares.
Dentro deste conceito falarei aqui sobre a interpretação das manifestações folclóricas, partindo de Mahmoud Reda no Egito, da classificação das famílias ciganas nas margens do Nilo à inserção das danças transe do Norte da África,  do Al Nashar ( o khaleejy) a dança feminina do Golfo Pérsico, danças populares da India e Hawai.

Mas, falemos sobre Mahmoud Reda, que todos sabem acredito eu, foi quem deu início à adaptação do folclore egípcio ao repertório da Dança do Ventre. Não sei se todas as bailarinas já tiveram a oportunidade de estudar ao menos um dia ou assistir aos shows de sua troupe, espero que sim, ele é bastante conhecido no Brasil.
Enfim, quem ainda não o conhece, Mahmoud Reda desenvolveu um estilo de dança que mescla muito a estética do Ballet Clássico com as danças folclóricas do Egito.
Atualmente, seu estilo é demasiado artificial e não agrada muito aos olhos de muitos assistir aos Fallahins camponeses das margens do Nilo saltitando como em um Ballet Romântico, é datado, não tenha dúvida, mas com olhares técnicos, pode-se ver uma rebuscada qualidade coreográfica e para quem está disponível ao estudo é um importantíssimo material de pesquisa.
Não o dispense, o acervo de Mahmoud Reda é uma jóia, assim como a cinematografia dos anos 50 com Samia, Taheya e outras estrelas.
Enfim, o mundo conhece algumas danças populares graças à ele, algumas já faladas anteriormente, como Hagalla e Meleah Laff (há boatos de que foi uma criação do próprio Mahmoud).
A mulher Balady foi detalhadamente tratada por ele através de personagens interpretados por Farida Fahmy, sem ele o ritmo Fallahi talvez não entrasse como parte do repertório da Dança do Ventre.
Mahmoud também desenvolveu um estilo que batizou de Andaluz.

Segue abaixo dança dos Fallahin por Mahmoud Reda:

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O que pode o corpo - um Café Filosófico sobre a Dança, por Viviane Mosé e Dani Lima

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Jamila Salimpour e a transformação da Dança do Ventre no Ocidente

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DOWNLOAD - American Bellydance Legends

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(material disponível na internet)

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Tribal Fusion Belly Dance, por Rachel Brice

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American Tribal Belly Dance Style, por BSBD

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American Belly Dance Style, por Tamalyn Dahlal

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Dança do Ventre - Os estilos do Ocidente

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Na sequência dos artigos anteriores, escrevo um pouco mais sobre a diversidade de estilos enquadrados dentro do termo Dança do Ventre e que ao longo da história acabaram se desenvolvendo bem longe das fronteiras árabes.
Tratarei mais tarde sobre as danças populares de outros países árabes, mas aqui, finalizo, pelo menos por enquanto, o que surgiu a partir do estilo cabaret e foi para o Ocidente.
É uma preocupação que toda professora e pesquisadora da danca deve se atentar: a linha histórica da Dança do Ventre entre Oriente e Ocidente.

No Ocidente, além das linhas orientais, a Dança do Ventre se dividiu em: American Belly Dance Style, Tribal Belly Dance Style e Tribal Fusion Belly Dance Style.

American Belly Dance Style
Tem como partida o próprio imaginário ocidental sobre o Oriente acentuado pelo cinema, desde os pequenos vídeos feitos sobre o Oriente até as grandes produções hollywoodianas, contando aqui o surgimento da dança moderna.
 Do início do século XX até a sua metade bailarinas e atrizes ajudaram a construir um estilo misterioso, sensual próprio das mil e uma noites. A Dança do Ventre, considerada um a manifestação burlesca estava presente em cabarets, clubes e cassinos, muitas vezes servindo de base para strippers (vale assistir o vídeo em que Bettie Page simula uma dança com sete véus) mesmo assim uma técnica apurada estava se estruturando dentro do que parecia apenas um meio exótico de sedução.
Um dos momentos mais importantes foi o casamento da música árabe com o Jazz  e os ritmos caribenhos, que também aconteceu na dança.
Não se pode falar em estilo ocidental de Dança do Ventre se não atentarmos para a influência do Jazz e da Salsa.
Suhaila Salimpour, uma das grandes mestras americanas, utiliza muita técnica de Ballet e Jazz.

Tribal Belly Dance Style
Tem início com a bailarina autodidata Jamila Salimpour, mãe de Suhaila, que em meados dos anos 70, criou um estilo particular seu e uma nomeclatura que até hoje é utilizada, por exemplo ela batizou o passo mais comum na dança egípcia de "básico egípcio".
O estilo próprio de Jamila deu condições criativas para a bailarina, até então sua aluna, Caroleena Nericcio que fundou o estilo Tribal.
Como o próprio termo solicita, o estilo Tribal reúne elementos de diversas tribos do norte da África, mas sem a pretensão de copiá-los e sim de recriá-los.
Assim, mulheres com turbantes, tatuagens e adereços rústico tomaram conta dos Estados Unidos e do mundo, nascendo um novo conceito para a Dança do Ventre. Uma das características que diferenciam a Dança do Ventre  do Tribal é o fato de as mulheres dançarem sempre em grupos, como reuniões de tribo. Além do figurino extremamente exótico os movimentos se diferenciam de acordo com as linhagens e aqui vão as principais e mais tradicionais, Fat Chance Belly Dance e Black Sheep Belly Dance.

Tribal Fusion Belly Dance Style
Estilo novo, criado pela bailarina Rachel Brice e que se inspira nas tribos urbanas, desvinculando-se da dança coletiva e criando combinações a partir do Break e Hip Hop juntamente com a música eletrônica. E a partir do Fusion, uma diversidade enorme de fusões vêm ditando um futuro incerto mas, sem dúvida, criativo para a nova Dança do Ventre.

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