Dança do Ventre na Holanda - Minha rotina profissional parte 02

Venho aqui compartilhar mais um pouquinho da minha vida como profissional de Dança do Ventre.

Uma das melhores coisas que existem na vida é descobrir que o caminho de aprendizado será eterno.  E uma desses aprendizados é justamente um ponto interessante a ser discutido na Dança do Ventre moderna: a improvisação. 

Como parte essencial no repertório tradicional da Dança do Ventre o que menos vemos por aí são improvisações. Ultimamente a estrutura coreográfica tomou conta dos espetáculo e um novo conceito se desenvolveu sobre o caráter da Dança do Ventre. 

A dança conquistou definitivamente os palcos e nós adquirimos um olhar estético sobre ela que baseado nas linguagens visuais da fotografia e do vídeo. 

As poses marcadas e uma certa dramaticidade parecem aniquilar aquela dança suave, delicada e gostosa de se assistir enquanto jantamos  num restaurante típico ou numa festa. 

Mas, e a improvisação? parece que ficou tachada como algo amador e sem muita importância pois nos leva a combinações muito simples??? Será? 

Será que uma bailarina pode ser avaliada pela coreografia? Ela executa bem, mas e se por acaso a música tocada fosse outra da programada? Como seria a interpretação? Ou o músico resolveu improvisar e acelerou na parte que era lenta e marcou no contratempo... Situações assim são muito comuns, principalmente quando se trabalha em casa típicas. Faz parte da progressão musical do Baladi a improvisação e também o Taksim Turco. E aí?

Toda essa introdução vem para explicar e narrar que muitas casas tradicionalmente árabes ou turcas, exigem o tradicional. Ou seja, a bailarina deve e é qualificada como profissional se ela souber improvisar juntamente com os músicos. E quando falo improvisação não quer dizer somar movimentos quaisquer, mas saber interpretar e adequá-los ao ritmo, ao tema e à letra da canção. 

Ensaiar coreografias é importantíssimos pois faz parte do estudo da técnica, mas é muito importante que seu coração também saiba dançar.  

Sentir a música e compartilhar seus sentimentos através do movimento é que realmente faz a diferença e isso é a essência da Dança do Ventre.

Se você puder mostrar o seu respeito às tradições do Baladi Egípcio ou do Taksim turco esteja certa que será respeitada como profissional.

Esteja atenta às danças típicas, sempre tem alguém que irá responder ao seu chamado, saiba compartilhar o seu espaço para que o outro possa brilhar.

Saber lidar com os clientes e funcionários também faz parte de sua performance. Humildade faz bem em todas as situações e mesmo que estejam te tratando como um estrela respeite todo mundo a sua volta, desde quem abre a porta, faz a limpeza do seu camarin ou lhe serve um chá. 

A coisa mais deselegante do mundo é ser educada somente com quem contrata e paga seu cachê.

Se Dançar é um fenômeno que parte do nosso coração e nos conecta ritmicamente com a música e com o coração de todos ao nosso redor, por que não prolongar esse milagre em outros momentos da vida? Dê continuidade a isso e seja muito mais feliz...

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