O Equilíbrio e Expressividade na Dança do Ventre

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Este artigo tem o objetivo de intercalar as nomeclaturas e atentar para um dado muito importante na dança e que as vezes acaba passando desapercebido na sala de aula.

Não é raro, muitas vezes assistirmos a apresentações de Dança e algumas bailarinas parecerem mortas no palco. Mesmo que a técnica esteja adequada parece existir um vazio naquele corpo que  apenas reproduz combinações matemáticas.



Além da questão simbólica da dança ou da noção de que os movimentos fazem parte de um processo de criação artística e que esse processo deve partir de uma pesquisa e descobrimento do próprio corpo, enfim, há também uma questão técnica que pode auxiliar nesses casos.

O Equilíbrio é uma das ferramentas importantes na dança e a falta dele pode resultar num verdadeiro desastre para qualquer pessoa. Todos sabemos que viver sem o equilíbrio dos sentimentos ou do corpo nos leva a adquirir sérios problemas para a saúde.

Eu utilizo um autor, que gosto muito, Eugenio Barba em seu livro "A arte Secreta do Ator"- apresenta um capitulo inteiro para tratar do equilíbrio e sua importância na interpretação.

O que é o equilíbrio? Uma habilidade do corpo para manter o corpo ereto e mover-se sem cair, mas também é saber adquirir complexidades de movimentos onde esta habilidade se torna  arte.

Eugenio Barba utiliza a explanação de Angelo Morelli em "Anatomia do Artista" para explicar que: "O equilíbrio do corpo humano é uma das funções de um complexo sistema de alavancas constituído de ossos, articulações e músculos; o centro de gravidade do corpo muda de posição em decorrência das diferentes atitudes e movimentos desse complexo sistema de alavancas.."


Mesmo estando imóvel a bailarina necessita apoiar-se em seu centro de gravidade, no centro de seu corpo para manter-se em equilíbrio e precisará contrair e relaxar determinadas articulações para sustentar-se.

Estar imóvel é apenas uma outra forma de dançar, porque as tensões criadas entre as oposições de braços e pernas, nos leva a crer em um conflito de forças internas que cinestesicamente  devem criar a imagem de algo extremamente vivo.
 
Um exemplo simples disso é a postura assimétrica básica:
 
 
 
A postura assimétrica básica nos mostra uma diversidade em oposições de braços, pernas e tronco.
 
O peso está depositado em das pernas, a outra forma uma triagulação, tendo o joelho como topo desta figura geométrica. O calcanhar alto e a ponta do pé sobre o chão criam uma precariedade de equilíbrio que nos oferece a impressão de que o corpo já está em movimento, embora seja apenas uma pose.
 
Assim também os braços  criam oposição entre si quando um projeta-se no alto da cabeça e o outro alinha-se ao longo do corpo ou na linha dos ombros. Importante relaxar ombro, alongar pescoço para que essa oposição faça sentido visual.
 
Mas mais importante é a postura do tronco, que desliza lateralmente em oposição à perna que está flexionada. O deslocamento lateral do tronco provoca uma linha em "S" que se incia no alto da cabeça e finaliza na ponta do pé.
 
Essa linha "S" é tão importante na dança quando executar um shimmy perfeito. Não é por menos que os gregos a apelidaram de linha da beleza.
 
Observe a estátua de Venus de Milo de Alexandros de Antiochia. Veja que o tronco da estátua desloca-e para a lateral acentuando a linha arredondada do quadril, assim também a cabeça pende para o outro lado criando oposição ao tronco.
 
 
A Venus de Milo é um exemplo de como  oposição e o equilíbrio quando utilizados corretamente criam linhas de expressividade que fazem uma postura imóvel ter movimento. Assim ocorre com o corpo, se você adquirir qualidade de equilíbrio em suas linhas de oposição estará tecnicamente desenvolvendo sua expressividade de movimento.
 
 
 
 

 

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