Improvisação

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Dançar é um gesto artístico que nos provoca resgatar a relação com nós mesmos.
Quando iniciamos uma improvisação, abrimos as portas para um caos interior onde as regras instituídas são “o não saber”.
O processo de improvisação torna-se mais interessante quando conseguimos nos guiar dentro dessa não condução.
Ao resgatamos internamente aquilo que realmente somos, nossas entranhas, nossas couraças, nessa relação efêmera que é o ato de improvisar e fazemos dele algo extremamente intenso que nos digere enquanto realidade, somos tomados por um estado, que é parte de nosso corpo, nossa identidade, mas está além e é maior que nós e à isso, podemos chamar Arte.

Não há uma regra específica para o ato de improvisar e às vezes a preocupação em criar algo interessante pode acarretar um problema para o processo. Mas, improvisar não significa somar um número de movimentos aleatórios, não, é mais do que isso: é ser tomado pela Beleza, conectar-se à vida,é submergir no caos da própria criatividade.

Quando estruturamos uma coreografia, nos preocupamos em criar uma obra codificada que dure para sempre, que possa ser executada diversas vezes e copiada por outros corpos.
Ao improvisar, o corpo se torna veículo de revelação do espírito, instantâneo, belo, sagrado e perecível como a vida.

Isis Zahara

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