Como conquistar a criatividade de suas alunas

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Nos meus anos de professora, coreografa e pesquisadora, assisti à distância, muitas iniciantes ou mesmo profissionais desistirem da carreira de bailarina em dança do ventre.

Um dos motivos para as que começam a desfrutar da técnica é a sensação de que nunca conseguirão executar uma coreografia perfeitamente, com toda a leveza e expressividade.

Obviamente, há o falso mito de que precisa ter dom para conquistar a perfeição, mas, eu acredito que mais do que isso o treinamento e o processo de aprendizado influenciam bastante no futuro de uma dançarina de sucesso.

Essa preocupação é mais do que necessária quando o objetivo é tornar-se uma bailarina profissional e se a professora não conduzir corretamente suas alunas e não propor condições que as provoquem como indivíduos criadores, a dança não aparecerá em seus corpos de uma forma criativa.

Também há quem quer descobrir-se na dança, não como profissional da área, mas como indivíduo que necessita trabalhar suas carcaças musculares, eliminar dores psicológicas, baixa estima, enfim, encontrar-se como mulher no dia a dia.

Neste caso cabe à professora direcioná-la para uma turma equivalente ou para aulas individuais que motivem a aluna a descobrir-se sem se preocupar com o virtuosismo técnico.

Mesmo porque a técnica é apenas uma ferramenta para alcançarmos uma espécie de transcendência, e o que vem a ser isso?

Acredito que é o olho do furacão, de onde muitas dificuldades podem ser superadas quando tratamos do universo da dança.

Se conseguirmos olhar para uma sala de aula e vê-la como um caldeirão onde nosso corpo será um ingrediente de transformação - isso digo também para professoras porque quem ensina está também aprendendo em termos técnicos, éticos e outros tantos valores – se formos capazes de tratar a mecânica do corpo como parte de um processo de descobertas internas, onde não há o certo e o errado, mas caminhos que podem prejudicar a saúde ou podem estar inadequados para determinados momentos e caminhos de pura inovação que mesclam com outras formas de pensar e agir.

Oferecer exemplos de mulheres que se destacaram na dança, na literatura e na história e adicionar ao dia a dia dos encontros, ligando a execução dos movimentos que é algo extremamente concreto e matemático à subjetividade de imagens, histórias e poesias.

Direcione seus alunos como indivíduos criativos, capazes de compor suas próprias combinações de movimento. Deixe que eles ofereçam parte de seu imaginário, suas histórias, enfim, cada indivíduo possui uma maneira única de expressividade e que quando lapidada torna-se uma jóia muito especial.

Mostre que uma dançarina conquista muito mais o público quando a sua alma e os seus olhos dançam juntos ao corpo.

Isis Zahara

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