A Dança do Ventre sob o olhar de um egípcio - entrevista com Khaled Emam
Dei uma seguradinha pra soltar a entrevista a pedido do próprio Khaled, mas como recebi muitos e-mails solicitando (isso aí meninas! gostei!!) publico hoje em meio ao carnaval! A entrevista será publicada em inglês e holandês nos meus outros blogs!
Wow, Estou muito feliz em postar esta entrevista com Khaled Emam! Gostaria mesmo de estar no Brasil agorinha para intervir com mais questões!
Khaled Emam |
Estou aqui escrevendo enquanto neva lá fora num friozinho de -17 graus!!!
Khaled Emam é egipcio, engenheiro e designer, formado na escola alemã de engenheira do Cairo.
Trabalhou como guia turístico no Cairo durante 8 anos, como diretor em empresa de importação e exportação e como engenheiro em Nova York.
Chegou ao Brasil em 1992 e em 1993 abriu seu próprio escritório de Arquitetura e Programação Visual ( Emam Market ) onde está até hoje.
E agora está orientando artistas brasileiros com seus conhecimentos sobre a cultura egípcia! Se alguém ainda nao conhece o blog do Khaled, vai aqui o link e aproveita para segui-lo, pois ele está também traduzindo asa canções diretamente ao português!
Vamos lá a entrevista:
IZ-Você trabalhou por alguns anos como guia turistico no Sheraton El Gizira, Cairo. Conte-nos um pouco sobre essa época.
IZ-Você trabalhou por alguns anos como guia turistico no Sheraton El Gizira, Cairo. Conte-nos um pouco sobre essa época.
KE-Sim, foi o meu primeiro trabalho profissional. Eu sempre me encantei com a riqueza cultural e histórica do Egito antigo. Tenho o privilégio em ter nascido no Egito!
Quando comecei a faculdade da engenharia cursei também turismo e comecei a atuar neste area durante 9 anos, isso com certeza me ajudou a conhecer cada parte do Egito, como guia eu recebia dois grupos por mês cada grupo 55 pessoa e a agencia fazia o roteiro. Foi um trabalho prazeroso recebendo e conhecendo pessoas do mundo inteiro.
Da 7 da manhã até as 19hs faziamos os roteiros pelos pontos turísticos, e de 22 hs até 02 da madrugada a gente se encontrava no Night club do hotel com os amigos, com os turistas, cantores e bailarinas. Passavamos a noite assistindo aos shows.
Esse trabalho alem de prazeroso me ofereceu a possibilidade em fazer amizades com muitos artistas: cantores, bailarinas etc. Foi uma época muito boa eu só parei de trabalhar quando aconteceu a Guerra do Golfo em 1990.
O turismo ficou pejudicado e eu comecei a trabalhar na área de engenharia e em 1992 decidi viajar para o Brasil.
IZ-Como era sua relação com os artistas?
KE-Como eu sempre convivi neste meio tenho amigos pessoais desde a infância que hoje em dia são cantores conhecidos mundialmente e sempre quando volto ao Egito a gente se encontra. Foi meu trabalho no Hotel e no turismo favoreceu esse contato mais próximo com os artistas. Com a convivência diária nasceram muitas amizades.
IZ -Vc chegou a assistir a trajetória de alguma bailarina desde o anonimato até a fama?
KE - Sim e muitas, não apenas uma.
IZ - Que bailarina egípcia é sua preferida? O que ela tem de especial?
KE - Suher Zaky, ela representa o glamour, a beleza e a sensualidade feminina alem de ter muito talento, claro.
IZ-Em 2011 o canal de TV francês TF1 produziu um documentário sobre as dificuldades enfrentadas pelas bailarinas de DV no Egito. O pgm mostra um contraste entre profissionais estrangeiras como Luna of Cairo e Soraia Zaied, mas também a dura realidade de algumas bailarinas
que enfrentam o preconceito da familia, da sociedade, religião etc...
Como vc vê essa questão tão contraditória?
documentario:
http://thebellydancers.tv/ watch_video.php?v=BNU2597H5M9Y
que enfrentam o preconceito da familia, da sociedade, religião etc...
Como vc vê essa questão tão contraditória?
documentario:
http://thebellydancers.tv/
KE-Quando a arte se transforma em uma profissão e essa profissão é representada pela mulher ainda tem muito preconceito. Não está na arte em si. A Dança de ventre faz parte da nossa cultura, mas cabe a cada um mostrar a arte: o que precisa ser visto. Então, quando uma bailarina se apresenta de forma vulgar será vista de uma maneira desagradável.
Meu pai sempre foi uma pessoa religiosa e sempre gostou de assistir a Suher Zaky.
Muitos anos atras tudo o que era diferente era visto com outro olhar: ser artista ou atriz era pecado, ser jogador de futebol era profissão de quem não tinha profissão e o mesmo para as bailarinas.
Acredito que hoje em dia as coisas mudaram e a mente das pessoas também.
IZ - Para quem ainda está começando a estudar a DV como vc descrevia a importancia da "Mohamed Alih street" na historia da Dança do Ventre e música egípcia?
KE - Gostei da pergunta.. raro alguém que conhece Rua Mohamed Ali! Então, esta rua representa a nossa musica, a nossa dança. É a rua onde se encontravam todos os artistas: músicos, poetas, compositores, cantores e bailarinas, é o coração do artista egípcio.Da Mohamed Ali nasceu e vai nascer ainda grandes artistas!
(...)"Oum Kalthum é uma eternidade!
A arte em si.
Um presente divino
para nossa alma e nosso coração.
Ela é nossa eterna diva."(...)
IZ - A danca do Ventre explodiu no mundo todo como uma febre, criando bailarinas em linha de produção. Mas, muitas vezes essas "profissionais" não têm idéia sobre o que as melodias como Ya Hassan, Aminth Billah estão relacionadas ao Baladi, por exemplo.
Como vc vê a questão da falta de informação?
EK - Eu sempre digo que pelo menos aqui no Brasil as bailarinas tem o dom e o talento! Sim, eu fico feliz quando vou aos shows e ver que elas entendem o ritmo e têm talento pratico, mas claro vejo também as dificuldades delas em relação às canções.
O significado da musica muitas vezes contradiz a interpretação da bailarina, vejo isso sim. A nossa musica e nossa cultura é diferente, idioma diferente e a dança rica em ritmos variados, o que pode confundir.
Aqui, o único meio da informação que elas podem ter é a internet ou os videos de outras bailarinas e isso acho errado, porque nem tudo que está na web é correto. Então conselho que elas busquem as informação em base de origem, estudem teoria para enriquecer seus conhecimentos antes de fazer qualquer coreografia.
Aqui, o único meio da informação que elas podem ter é a internet ou os videos de outras bailarinas e isso acho errado, porque nem tudo que está na web é correto. Então conselho que elas busquem as informação em base de origem, estudem teoria para enriquecer seus conhecimentos antes de fazer qualquer coreografia.
IZ - O que significa (valor) o nome Oum Khaltoum para o egípcio?
KE- Nossa, Oum Kalthum é uma eternidade, a arte em si, um presente divino para nossa alma e nosso coração. Ela é nossa eterna diva.
IZ - Como surgiu a idéia de consultoria artistica arabe?
KE- Antes de responder gostaria de citar uma frase que diz ( as grandes obras da humanidade começaram com uma simples ideia e feliz aquele que acreditou e apoiou ).
O caminho para o sucesso é: Preparação, Talento e Oportunidade - então foi uma ideia que eu sonhei em realizar a muito tempo sim, mas tudo tem a sua hora certa e acho que agora é a hora de recomeçar uma nova etapa, que possa ser útil para mim e para quem busca o conhecimento. Não é idéia de um amador, nem de aventureiro mas de quem tem base na experiência, então porque não colocar-la para ser compartilhada.
IZ - Que conselho vc daria às bailarinas brasileiras?
KE - Criemm e não copiem! É normal a gente se identificar com alguém, seja uma inspiração, um exemplo mas, precisamos saber diferenciar entre inspirar e copiar : a Dança é uma arte e a arte é criatividade, criação!
Paz a todos.. Salam
Alwykun Salam Khaled! Muito Obrigada!
Isis Zahara
Gostaria agradecer a Isis não apenas pela entrevista mas pelo o trabalho que se realiza atravas da sua carreira e pelas informações que traz para todos que se importam com a cultura e arte Egípcio.. parabéns
ResponderExcluirKhaled Emam
Parabéns querido!!! Sucesso sempre para vcs dois que eu admiro muito!!!
ResponderExcluirPrimo adorei a entrevista! parabéns. Realmente estudar faz parte da bailarina , sua interpretação , seu olhar , ser ela mesma! viver cada frequencia que ela oferece , com o coração batendo no compasso , interagindo com a música. Parabéns minha amiga Isis , bela entrevista com o primo!
ResponderExcluirKhalida Zareen
Fico honrado prima por suas palavras, forte abraço
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