Danca dos Sete Veus - Profano e Sagrado part 01
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Gaston Bussiere - 1926 |
Acredito que no Ocidente a dança dos sete véus é um ícone que envolve todo o imaginário e a curiosidade sobre o Oriente.
A figura sedutora de uma mulher coberta por véus esvoaçantes atordoou a fantasia de muitos durante todo o século XX e até pouco tempo atrás era sinônimo de dança do ventre.
Ao classificarmos como um mito orientalista (fantasia ocidental a respeito do oriente) não podemos desqualificá-la como menor em relação as demais, a fantasia deu vazão para algo muito bonito e que inquieta nosso imaginário de tão sensual e misteriosa que é. Temos que considerar também os aspectos terapêuticos que foram estudados a partir deste estilo. Entre sagrado e profano a fantasia se transforma em mito, adequado ao nosso contexto cultural.
O tema nos leva a um momento bíblico em que Salomé dançou para o rei Herodes em troca da cabeça de Iocanaã (João Batista); na Bíblia está escrito que a jovem retirou as sandálias para dançar. O termo retirar as sandálias, era uma licença poética utilizada pelas culturas semíticas da época que queria dizer: desvestir-se, desnudar-se indicando um pré-coito.
Oscar Wilde (ao escrever a peça Salomé em 1891) utilizou essa idéia do desnudamento, o deflorar-se com a imagem de uma flor que perde as pétalas. Cobriu a figura da jovem com pétalas de tecidos esvoaçantes que lembrassem o ímen.
A Salomé de Oscar Wilde foi tema das ilustrações do artista inglês Aubrey Beardsley, grande contribuinte do estilo Art Nouveau que também inspirava as bailarinas orientalistas deste período, como Mata Hari. A Art Nouveau foi determinante na construção dos figurinos do estilo American Tribal.
Em 1905 o compositor alemão Richard Strauss adaptou a peça do francês e compôs uma ópera, Salomé, dedicando um ato especial com o título A Dança dos Sete Véus.
O cinema e os clubes exploraram bastante o caráter burlesco da dança, utilizando este imaginário todo com a idéia da odalisca.
Uma das mais famosas Salomés foi Rita Rayworth em 1953:
Em 1961 Brigid Bazlen interpretou uma Salomé sem véus em King of Kings:
No final do século XIX e início do XX o Ocidente vivia uma fase de extremo interesse pelas ciências ocultas, havia uma busca intensa por sociedades secretas que misturavam diversos imaginários: a alquimia, o paganismo, o orientalismo, a bruxaria etc...
Salome no Metropolitan 1907 |
Em 1877 a russa Helena Petrovna Blavatsky publicou "Isis sem véu" - o livro trata da origem da Terra e das ciências ocultas, a deusa egípcia representando toda a vida existente e seus sete véus como os sete mistérios da existência.
Os sete véus de Isis é uma alusão à crença dos antigos egípcios a respeito da vida. Dentro do manuscritos e tábuas traduzidas, como o livro dos Mortos, fala-se muito da existência de sete corpos, sete raios interagindo em cada ser existente.
Há também um mito de criação popular, em que os egípcios teriam surgido a partir do arco-íris, tendo dentro de si a sete cores.
Algumas professoras de Dança do Ventre souberam integrar a definição egípcia do corpo com a dança dos sete véus, incluindo elementos terapêuticos como a cromoterapia e adequando à teoria ayurvédica dos chakras.
Assim surgiu uma corrente de estudos holísiticos em relação aos sete véus, focando a dança terapia.
Temos assim duas correntes diferentes e nenhuma delas tem origem direta na Danca do Ventre.
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isis zahara