Dança do Ventre para Grávidas- Schikhatt parte 02

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Morroco
        Segundo a teoria da bailarina e etnóloga Morroco (Carolina Varga Dinicu), uma das raízes da Dança do Ventre estaria na própria imitação dos movimentos realizados durante o parto.
      Morroco estudou o Schikhatt, versão marroquina da Dança.

     A palavra Schikhatt é o plural  de Scheikha (feminino) ou Schiekh (masculino) cujo radical está ligado a tudo que é velho e tem relação com os espíritos. Ou seja é uma palavra que denomina a comunicação com os ancestrais.







     Os movimentos da dança em si, são simples e de fácil assimilação, pois como sabemos danças rituais e folclóricas aprende-se pela imitação e o importante são as transformações internas movidas pela emoção coletiva.



   Em 1967 Morroco encontrou-se em um pequeno vilarejo Berbere em Marrocos, acompanhando uma mulher nas suas últimas semanas de gravidez. 


"Uma tenda especial havia sido erigida em uma extremidade da aldeia. Seu marido era um grande líder da tribo uma grande festa estava sendo organizada para o dia do nascimento . Ela estava sentada num divã no fundo da tenda e eu notei que um buraco havia sido cavado no centro. Havia comida, frutas e chá de hortelã para as  mulheres convidadas. Era proibida a aproximação masculina até uns  100 metros da tenda. Eles não tinham certezado dia exato que ela daria à luz."


 Morroco

   Morroco descreve dias em que as mulheres reunidas passavam horas cantando e dançando ao redor da mulher, que as acompanhava com movimentos e cantos, embora o ventre estivesse  dilatado e pesado.


jovens berberes

"Passamos o dia cantando, tocando bendirs, dançando o Schikhatt, e bebendo chá de menta . Ah, sim, a mulher, muito grávida, se levantou e dançou a metade do dia sozinha, vestida em seu kaftan bordado."

Morroco

   Até que, no dia do nascimento, ainda muito cedo, todas as mulheres se colocaram em círculo ao redor da grávida,que posicionava de cócoras. Todas as outras cantavam, vibrando e executando ondulações de forma mais lenta e pesada, do que normalmente se vê no Schikhatt. Os redondos eram sempre no sentido horário.


"Ela se levantava por alguns minutos, dançava um pouco, tornava a curvar-se, mas não parecia agitada ou com dor, o único sinal de tensão era o suor encharcando a testa e os cabelos."

Morroco

" Menos de meia hora depois, ela deu um suspiro e ouvimos um barulho surdo. Ela ergueu o kaftan e havia um bebê no buraco. Ela ergueu a mão, pois ainda não tinha acabado. Cerca de quinze minutos depois, outro grito e outro baque suave. Eram gêmeos! Eles foram limpos, com tecidos lã de carneiro umedecidos com chá fresco, mas os cordões umbilicais não foram cortados até que  recolherem a placenta. Em seguida, cortaram os cordões com uma faca de prata e tudo  foi enterrado no mesmo buraco que tinha os recebido."

Morroco

Ainda no artigo Morroco descreve que a mãe deu gritinhos (os zagareeths) incansavelmente fazendo os bebês chorarem copiosamente de forma que todos da aldeia soubessem o ocorrido. As mulheres então, dançaram e cantaram o resto do dia. Os bebês foram levados até o pai e depois retornaram à mãe que os aguardava deitada em seu divã.


"Enquanto eu observava ela dando à luz, pude ver seu abdômen ondulando debaixo da kaftan. Perguntei mais tarde, se ela ainda estava dançando naquele momento, ou se o movimento já eram as contrações, e minha informante me disse: Imitamos os  movimentos naturais! Ela tinha que fazer esses movimentos, quando ela deu à luz porque não poderia fazer de outra forma."
Morroco

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