Minhas Memórias do Egito - o giro do derviche

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Eu sabia que no Egito pode-se encontrar bailarinos rodopiantes em qualquer casa noturna próximo ao Khan el Khalili e que nem todos fazem parte dessa linhagem de místicos tão antigos quanto o próprio Islã.
Mas, aquela paisagem pintada a minha frente sob uma noite enluarada  levantou-me memórias dos belíssimos poemas de Jalal Ud Din Rumi...fundador da ordem dos derviches Mevlevi da Turquia.

"Se teu conhecimento sobre o fogo vem só de ouvir dizer,
então providencie ser cozido pelo fogo,
não há nenhuma certeza interna até que você queime."

(Jalal Ud Din Rumi - Divã de Shams de Trabriz)


A palavra Darwishe, em árabe quer dizer na soleira da porta, ou seja aquele que está prestes à adentrar nas altas esferas do conhecimento, ou mesmo, se seguirmos a tradição egípcia antiga, a palavra porta remete à entrada para o mundo dos mortos. Acredito que todos saibam que o título original  do Livro dos Mortos, era a A Porta, referindo-se a entrada do defunto para o mundo dos deuses, espíritos e demônios. Enfim, o derviche está ligado à morte embora tenha muita relação com os elementos da vida terrena.

O giro do derviche é uma oração, dançar representa orar para Deus, em nome de Deus e em torno de Deus.
"la illa'llah illaha" - não há deus além de Deus - cantavam os músicos em obsessiva repetição, enquanto o rapaz erguia umas das saias para alto de sua cabeça.


O giro em sentido anti-horário provoca uma energia em espiral que esquenta o eixo interno, a coluna vertebral causando o suador ritual do transe.  Enquanto o gira o derviche representa o eixo entre o céu e a terra, o intermediário entre os dois mundos, aquele que está na soleira da porta, queimando....Hu


Entregamo-nos ao êxtase.


)O(
Isis Zahara

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